quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Silêncio














Berenice - Baseado no conto de Edgar A. Poe










Berenice. Inspirada pelo conto homônimo de Edgar Allan Poe, fotografei Eladio Pérez-Gonzales e Silvia Prado dos Anjos - Nilaya. O trabalho se desenvolveu em performance ao vivo, com projeções cênicas, música de Angélica Faria e cenografia de Lorena Sender. Nos apresentamos em teatros e Universidades de Nova York, com o patrocínio do Ministério da Cultura. Participamos também da Bienal Brasileira de Música Contemporânea.

Qual o destino da existência? Quais as suas possibilidades? Em Edgar Allan Poe a existência atinge limites. A mórbida intensidade de interesse vivida pelo protagonista de "Berenice" o faz parecer doente, ou talvez, louco. Mas, ele nos convence que sua vida é tão somente vivida no limite de sua capacidade, em sua plenitude. Outras leituras podem não ter a mesma impressão. Para mim, sua intensidade de interesse traz imagens de um corpo fluido, volátil, que não se pode medir ou aprisionar.


O corpo. Primeira "casa de mudanças"









Sentada de frente para a porta de vidro da sala de estar. Tendo as pernas esticadas, estranhei a presença dos joelhos. Não a sua forma ou cor, muito menos a sua função, mas a sua existência. Comecei a fotografar assim, como uma forma de tocar a capacidade de existir. Os joelhos eram uma parte da minha casa de mudanças, casa que eu conhecia e que conheço pouco, e, através desse exercício do olhar, me aproximei do seu silêncio. Todas os ensaios, todos os olhares sobre o corpo, fosse o meu ou o de alguém próximo (muitas vezes aproximado apenas pelo ato de fotografar), me deram esse silêncio. Fotografar assim, é uma forma de meditação.